quinta-feira, 25 de março de 2010

25 de março: Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos

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Mensagem do Secretário Geral pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos - 25 de Março de 2010

Nova York (Estados Unidos) – A escravidão é abominável. Está proibida expressamente na Declaração Universal dos Direitos Humanos e as Nações Unidas reafirmaram este princípio muitas vezes, como por exemplo na Declaração de Durban aprovada na Conferência Mundial contra o Racismo, em 2001.

Contudo, a escravidão e as práticas análogas persistem em muitas partes do mundo. A escravidão se transforma e reaparece em manifestações modernas, como servidão por dívidas, a venda de crianças e o tráfico de mulheres e meninas para fins de exploração sexual. Suas raízes estão na ignorância, na intolerância e na cobiça.

Devemos criar um ambiente em que esses abusos e crueldade sejam inconcebíveis. Uma forma de fazer é não esquecer o passado e honrar a memória das vítimas de tráfico transatlântico de escravos. Recordando a injustiça do passado, contribuímos para assegurar que essas violações sistemáticas de direitos humanos não voltem a se repetir.

Aqueles que controlaram o tráfico transatlântico de escravos obtiveram enormes ganhos com a morte, o sofrimento e a exploração. Realizaram a expulsão forçada de milhares de pessoas de suas terras natais na África. Os traficantes e os donos de escravos submeteram a esses migrantes forçados e a seus descendentes as formas mais duras de abuso físico, mental e emocional.

Hoje podemos ver o legado do tráfico transatlântico de escravos em todos os países afetados. Se atuarmos de forma correta, usaremos esse legado pelo bem de todos. Reconheceremos que é uma forma clara do que pode acontecer se for permitida a prevalência da intolerância, do racismo e da cobiça.

Também devemos nos inspirar no exemplo daqueles que, com grande coragem, alcançaram o fim dos abusos institucionalizados. Ao final, sua valentia garantiu o triunfo dos valores que representam as Nações Unidas: a tolerância, a justiça e o respeito da dignidade e o valor de todos os seres humanos.
Hoje rendemos homenagem a todas as vítimas da escravidão e nos comprometemos a assegurar a erradicação desta prática em todas as suas formas.

Ban Ki-Moon, Secretário Geral das Nações Unidas.

recebido de
UNIFEM Brasil e Cone Sul
unifemconesul@unifem.org
www.unifem.org.br
http://twitter.com/unifemconesul
Diga NÃO à violência contra as mulheres
NO a la violencia contra las mujeres
Say NO to violence against women

Mensagem original da Agência de Notícias da ONU


quinta-feira, 18 de março de 2010

Juizados de VD e Familiar contra a mulher terão Manual

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CNJ elaborará manual de rotinas para juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher


O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deverá aprovar um manual de rotinas e estruturação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Nesta segunda-feira (15/03/2010), os participantes da IV Jornada Lei Maria da Penha aprovaram a versão preliminar do manual, que ficará sob consulta pública durante 20 dias. O manual contém informações técnicas de como deve ser a estrutura mínima para o funcionamento dessas varas e como os juízes agirão no recebimento desses casos. Segundo a conselheira Morgana Richa, o objetivo é contribuir para a celeridade no julgamento dessas ações e uniformizar o atendimento das Varas. "O Judiciário é nacional e deve ter o mesmo padrão de atendimento", afirmou.

Consulta Pública

A versão preliminar será finalizada após os 20 dias de consulta pública, que é aberta apenas para os juízes que atuam nesses juizados. Os juízes deverão encaminhar suas críticas e sugestões para o e-mail: 4jornadamariadapenha@cnj.jus.br. Após a finalização do manual, o texto deve ser apresentado ao plenário do CNJ e, somente após essa aprovação, passará a vigorar. Clique aqui para ler o texto do projeto do manual.

O manual foi coordenado pela conselheira Morgana Richa e elaborado pelos juízes Adriana Ramos de Mello, do Rio de Janeiro; Luciane Bortoleto, do Paraná; Renato Magalhães, do Rio Grande do Norte; e pela juíza Maria Thereza Sá Machado, de Pernambuco. Segundo Morgana Richa, o manual segue o mesmo parâmetro do elaborado pelo CNJ para a área de execução criminal. "Deverão ser propostas resoluções, recomendações e enunciados", explica a conselheira.


A versão preliminar contém orientações para que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tenham uma estrutura mínima de atendimento com um gabinete, sala de audiências, espaço para a secretaria (cartório), salas de atendimento para a equipe multidisciplinar, brinquedoteca, entre outros. O texto também traz recomendações para que os juizados contenham um setor de penas e medidas alternativas com servidores e equipe técnica composta de profissionais do serviço social e de psicologia.

Há ainda a recomendação de que os juízes dessa área mantenham contato com a rede de para auxiliar no combate e prevenção da violência doméstica. Essas redes são compostas por centros de referência, casas-abrigo, delegacias especializadas de atendimento à mulher, defensorias de mulher, central de atendimento à mulher (180) e ouvidorias. A lista completa de toda a rede de atendimento à mulher está disponível no link da SPM

EN/MM
Agência CNJ de Notícias

Extraído de CNJ
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quarta-feira, 17 de março de 2010

Mulher terá Relatório Anual Socioeconômico

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Projeto de Lei que cria Relatório Anual Socioeconômico da Mulher é aprovado na Câmara

Qua, 17 de Março de 2010 16:19


Nesta terça-feira (16 de março/2010) a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei de autoria da deputada Luiza Erundina (PL 2155/99), que cria o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher. A ideia do projeto é reunir, em um só documento, dados socioeconômicos e informações relativas a políticas públicas voltadas para as mulheres no Brasil.

“Hoje os dados estão dispersos e cada ministério tem isoladamente - ou não tem - esses dados, sem nenhuma condensação. Essa é uma medida que vai obrigar o poder executivo a reunir esses dados”, explica a deputada. Segundo Luiza Erundina, além de permitir que a sociedade acompanhe e fiscalize com mais eficácia as ações voltadas para as mulheres, o relatório também servirá de base para o planejamento de novas políticas públicas neste sentido.

“Uma das dificuldades para a elaboração de políticas públicas para as mulheres é a falta de dados. Por isso, a intenção deste relatório é apresentar, anualmente, um diagnóstico com a situação das mulheres do ponto de visto da saúde, do trabalho, da educação, da sua condição de trabalho, da sua condição econômica em termos salariais e outros dados. Com a reunião de todos estes, que devem ser objeto das políticas públicas, teremos uma visão global das políticas públicas voltadas especificamente para as mulheres no país”, completa.

Devem ser fontes de informação para a elaboração do relatório o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Presidência da República e vários Ministérios, bem como outras entidades nacionais e internacionais que detenham informações relevantes para o relatório.

O projeto, apresentado no ano de 1999, foi aprovado após 11 anos em tramitação e deverá ser encaminhado para sanção presidencial ainda nesta semana.

Extraído de Luiza Erundina

Recebido de Miryam Hess, a quem agradecemos.
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sábado, 13 de março de 2010

Racismo e auto-estima. Haverá?

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Brasil: automenosprezo e racismo

O racismo brasileiro fundamentou, e ainda fundamenta, o automenosprezo de segmentos da população, que imaginam o país como inferior e sem solução. As elites adoram e disseminam este sentimento, que é fortemente conservador e útil aos propósitos dos mais ricos e poderosos.

Por Luís Carlos Lopes*
na Agência Carta maior - 28/02/2010 | Copyleft

Ao contrário de vários povos, o brasileiro tem a mania de se automenosprezar, de se achar menor e de assumir culpas de fatos e problemas que não são seus. Se há corrupção, é que todos seriam corruptos. Facilmente, deslizes pequenos cometidos pelos pobres são comparados aos atos deliberados agentes de Estado e de ladrões engravatados (empresários) que enriquecem com o dinheiro público. Segundo este vício terrível, os brasileiros seriam menores por terem origem nos negros africanos, nos índios das Américas e nos portugueses, vindos para cá para roubar. O caráter nacional da população desse país teria nascido torto e sem solução. Por compensação, os habitantes do Brasil teriam uma natureza geográfica exuberante e, Deus, de fato, seria nascido aqui.

Estas afirmações não são tão difíceis de serem compreendidas. Observe-se que nelas há uma tentativa de ocultar o que é possível ver a olho nu. A autofagia brasílica tem origem colonial, foi refundada no Império e reafirmada na República. Nela, se misturam o olhar do colonizador e criador dos fundamentos culturais dominantes do país com o dos colonizados que se miraram no espelho dos que vieram para cá e se apossaram deste pedaço das Américas. Nesta visão, tudo de bom era o que vinha de fora, aqui era o lugar para acumular riquezas de modo fácil e usar dos lucros para comprar as mercadorias do além-mar.

Os racismos antinegros e anti-ameríndios têm a idade do início da colonização, logo, cinco séculos. A inferiorização das maiorias foi estendida aos seus descendentes, gerando um sentimento de menoridade e incapacidade até mesmo nas elites mestiças. Este modo de ver o mundo deixou raízes profundas e se escamoteou em vários modos de dizer que os brasileiros eram um povo de segunda classe. Jamais isto foi inteiramente superado, persistindo de algum modo até o século XXI. O modo de falar isto já não é o mesmo do passado. Mas, o racismo continua presente em fontes insuspeitas, por exemplo, nas emissões da tv aberta. Nelas, os índios praticamente não existem e os negros, apesar de serem a maioria dos habitantes do Brasil, têm apenas uma cota informal, conseguida com bastante dificuldade e muito recentemente.

O pano de fundo de tudo isto foi os quatro séculos de escravidão dos afrodescendentes que embutiram os esquecidos dois séculos de cativeiro dos nativos. Mesmo com a escravidão em crise na segunda metade do XIX, quem eram os que não eram escravos? Os imigrantes europeus que aportaram no Brasil, aqui encontraram condições de vida bem próximas as da escravidão. Como nos EUA coloniais, usou-se, com eles, o sistema de servidão por contrato. Neste, os que vinham estavam sempre devendo aos fazendeiros e as empresas que os traziam. Os escravos alforriados na mesma época, deviam quase sempre obrigações aos seus ex-senhores. Não eram mais escravos de direito, mas continuavam próximos à situação de escravos de fato. A abolição legal da escravidão (1888) representou uma importante mudança. Entretanto, os estoques de populações originárias do passado escravista continuaram a ser discriminados, até mesmo pelos imigrantes brancos que vieram substituí-los, progressivamente, desde o governo do Pedro II.

O racismo brasileiro fundamentou, e ainda fundamenta, o automenosprezo de segmentos da população, que imaginam o país como inferior e sem solução. As elites adoram e disseminam este sentimento, que é fortemente conservador e útil aos propósitos dos mais ricos e poderosos. Felizmente, desde há muito, há quem não concorde com nada disto e lute para dizer o óbvio. O Brasil é um país como outro qualquer. Do ponto de vista moral, não é menor e nem maior. Seu povo tem qualidades e defeitos, como qualquer outro. O que existe aqui pode ser modificado para melhor ou para pior, dependendo de quem estiver no poder e do comportamento dos governados.

Oficialmente, o país não é mais racista. Desde a era Vargas, o Estado foi abandonando pouco a pouco uma postura discriminadora. Trocou o racismo escancarado do Império e da República Velha pelo mito questionável e problemático da democracia racial. O fazer político precisava de se organizar, isto é, os governantes necessitavam inventar um povo de governados. Precisava se dirigir diretamente à maioria da população, tal como Vargas o fazia: “Trabalhadores do Brasil...”. A mestiçagem foi considerada um bálsamo, sem que o velho racismo desaparecesse por completo. Afastado de uma militância estatal ostensiva, ele se refugiou nas estruturas sociais, dando um jeito de se manter. Memoráveis lutas antiracistas fizeram o combate a esta ideologia, nos últimos cinqüenta anos. Entretanto, apesar de cada vez mais acuado, denunciado e criminalizado, o racismo continua presente no cotidiano brasileiro.

História Negra - A verdadeira história de nosso povo
Frank Morrison

Ninguém mais tem a coragem de dizer publicamente que os negros, os índios e os mestiços são povos inferiores. Mas, eles continuam tendo níveis de segregação facilmente constatáveis nos dados que indicam que eles são os que: são mais pobres; mais estão presentes nos presídios; são os maiores números de desempregados; enfrentam piores condições de vida; têm suas histórias sonegadas no ensino de qualquer nível; menos aparecem nas grandes mídias.

Há exceções importantes
. No futebol, a negritude e a mestiçagem brasileiras são celebradas como gênios da raça. No carnaval, como diz o poeta, “napoleões retintos”, desfilam para os brancos do Brasil e do mundo, encantando as audiências e escondendo uma dura realidade. Nos últimos anos, foram possíveis o aparecimento e desenvolvimento de classes médias negras, ávidas para consumir e se diferenciar. O que continua como dantes é a ignorância sobre as histórias dos povos de origem africana que aqui aportaram e, ainda mais forte, o silêncio sobre a história das populações indígenas encontradas pelos portugueses no século XVI. Os jovens sabem bastante sobre as últimas novidades de consumo midiático e tecnológico. Nada, ou quase nada, conseguem alcançar sobre suas origens. Mesmo que na Internet exista bastante informação sobre estas coisas. O problema é que elas são raramente acessadas e são rarefeitas e pulverizadas no universo comunicacional caótico do tempo presente.

*Luís Carlos Lopes é professor e autor do livro "TV, poder e substância: a espiral da intriga", dentre outros

Extraído de Carta Maior

Recebido de Lucia I. Reali Lemo a quem agradecemos.

Touch a child touch the future - Sylvia Walker
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sexta-feira, 12 de março de 2010

Lélia Gonzalez é tema de livro


Lélia Gonzalez é tema de livro
18 fevereiro, 2010

No final de maio 2010, o público terá à disposição a história de uma mulher negra das mais atuantes do país. Lélia Gonzalez é o tema da biografia do Selo Negro, da Editora Summus, de São Paulo. Benedita da Silva e Lélia formaram uma dupla e tanto nos anos 1970/1980. Junto com outras personalidades, lutaram contra todos os tipos de opressão que naquela época massacravam (ainda mais) os brasileiros.

Devido a essa afinidade entre as duas líderes, a doutoranda da Universidade de São Paulo (USP) Flávia Rios colheu o depoimento de Benedita. Flávia e o professor Alex Rattes, da Universidade Federal de Goiás, são os autores do livro sob a coordenação de Vera Benedito.

- A atual Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do governo do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva esteve presente na vida de Lélia Gonzalez e as duas tiveram uma participação muito forte no movimento negro, de mulheres e na formação do Partido dos Trabalhadores – disse Flávia Rios.

No depoimento, Benedita relembrou as várias viagens pelo Brasil, à África e aos Estados Unidos que fizeram e os “momentos fantásticos de convivência com Lélia em grupos dos movimentos políticos, negro e de mulheres.”

- Lélia Gonzalez me encantava pela desenvoltura com que transitava no mundo intelectual – por ser uma intelectual – e os modos e linguagem simples que usava, por exemplo, no Morro dos Cabritos, onde fundamos o Nzinga – Coletivo de Mulheres Negras.

Lélia Gonzalez, formada em Sociologia, História e Filosofia, foi assessora política de Benedita na Câmara de Vereadores, no Rio de Janeiro. Morreu em 1994 e em 1º de fevereiro completaria 75 anos.

Recebido de Antonio Lúcio

Original em Benedita da Silva
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quinta-feira, 11 de março de 2010

8 de março: Mulheres do Mundo, do Haiti, do Chile

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Palabras de Sergia Galván en nombre de la
Red de Mujeres Afrolatinoamericanas, Afrocaribeñas y de la
Diáspora en el homenaje a las
mujeres haitianas que murieron en el terremoto.


Miriam
Magali
Ann Marie

Recordando a Ann Marie Coriolan, Miriam Merlet y Magali Marcelin
8 de marzo 2010, Haití

Miriam, Magali y Ann Marie, sé que están aquí, están aquí las tres. Sé que están aquí rindiendo honor a sus ancestras, a nuestras ancestras.

Sé que están aquí resistiendo, sacando fuerza del fondo de los mares.

Están aquí como las amazonas, encendiendo la tierra para que fertilice el fuego.

Están aquí, porque saben que es mucho dolor.

Están aquí porque saben que las lágrimas están inundando nuestros corazones.

Están aquí porque quieren encender sus velas, porque quieren levitar fuerza, energía y poder junto a nosotras,

Sé que están enojadas por las mujeres que aún yacen debajo de los escombros.

Sé que están enojadas, porque sus vidas y las de miles de mujeres se las quieren cobrar solo a la naturaleza, pero ustedes saben que hay responsabilidad comprometida del modelo de desarrollo que genera pobreza, desigualad y exclusión social.

Sé que están furiosas, porque su país, que tuvo la gigantesca fuerza de ser el primero en abolir la esclavitud, hoy pretenden reesclavizarlo, bajo el argumento de la inviabilidad y de un supuesto estado fallido.

Pero, sé que también están aquí, para darnos fuerzas, para mostrarnos caminos, para reciclarnos con su sabiduría, para ayudar a dibujar el Haití posible, el Haití por el que siempre lucharon.

Ann Marie, tus palabras seguirán vociferando para que ninguna mujer haitiana tenga que tocar la puerta de un cementerio a causa de un embarazo.

Magali, la luminosidad de tus pensamientos y de tu rostro, se convertirán en amazona para que ninguna mujer haitiana pase sus trece lunas, trasnochada por la marca de la violencia.

Ann Marie, el coraje de tu voz, será la garganta, para que las mujeres haitianas dejen de mendigar el espacio político, que el patriarcado usurpa, en cada territorio de poder.

Magali, tu intolerancia a la violación de los derechos de las mujeres, será el océano que navegarán las haitianas contra vientos y mareas.

Miriam, la pasión de tus ideas, será el torrente que encenderá fuegos en el corazón de cada mujer haitiana para dejar de ser tablas y cifras de los mapas de pobreza.

Ann Marie, la ternura de tu sonrisa, será la fuerza para que las mujeres haitianas se levanten de los escombros del patriarcado.


Miriam, la fuerza de tu mirada, será el torrente que lavará las inmundicias del patriarcado transformada en desigualdad y discriminación contra las mujeres haitianas.

Ann Marie, Magaly Miriam, su fuerza transgresora, será la fuerza de todas nosotras, será la fuerza que reconstruirá esta libertaria nación. Con ustedes siempre.


De: Sergia Galvan
Em: 09/03/2010 10:31:50 p.m.
Recebido de Télia Negrão, através da Lista da Rede FEMINISTA DE SAÚDE

Para mais:

segunda-feira, 1 de março de 2010

Cuba: mais sacrifício de vidas?

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Los derechos humanos en Cuba

Cuatro presos políticos y un periodista disidente comienzan huelgas de hambre en Cuba

Los cinco piden la liberación de los aproximadamente 200 presos políticos en la isla.- La oposición cubana aún conmocionada por la muerte de Orlando Zapata

AGENCIAS - La Habana - 26/02/2010

La oposición cubana sigue sacudida por la muerte del disidente Orlando Zapata Tamayo y la excesiva represión del Gobierno de La Habana para evitar convertir su funeral en un acto político. Sin embargo, esto no ha evitado que dos presos políticos y un psicólogo disidente comenzaran por separado huelgas de hambre en las últimas horas.

Los presos son Eduardo Díaz Fleitas, Nelson Molinet y Diosdado González, recluidos en la cárcel Kilo 5 de la provincia occidental de Pinar del Río, y Fidel Suárez Cruz, del penal Kilo 8 de la misma región, según fuentes de la oposición. Los cuatro forman parte del grupo de 75 opositores condenados a penas de prisión de hasta 28 años en la llamada "primavera negra" de 2003, acusados por el Gobierno de ser "mercenarios" al servicio de Estados Unidos. Díaz Fleitas fue condenado entonces a 21 años de prisión y González a 20.

Por su parte, el periodista independiente cubano Guillermo Fariñas comenzó una "huelga de hambre y sed" el pasado miércoles en su casa de Santa Clara para denunciar la muerte de Zapata.

Todos piden la liberación de los aproximadamente 200 presos políticos que hay en la isla, según organizaciones de derechos humanos no reconocidas por el Gobierno. El portavoz de la Comisión Cubana de Derechos Humanos y Reconciliación Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez, ha dicho que les ha enviado mensajes para que desistan de la huelga de hambre, que no aconseja porque no tienen efecto alguno en el gobierno que preside en general Raúl Castro.

Pero Fariñas, consciente de que puede morir en "tres o cuatro días", asegura que está dispuesto a ello "por sus ideas" y para "tratar de demostrar al mundo que lo que le pasó a Zapata no es casual". "No fue un error, lo dejaron morir conscientemente". Aunque reconoció no tener "esperanza" de que su huelga de hambre contribuya a mejorar la situación de los más de 200 presos políticos en la isla , insistió en su lucha pacífica y tampoco descartó que lo ingresen en un hospital de "urgencia" en los próximos días si llega a "perder la conciencia".

"Una de las cosas por las que murió precisamente Zapata fue por la complicidad de muchos Gobiernos del mundo, sobre todo del Gobierno español, que está tratando de cambiar la Posición Común hacia Cuba", ha afirmado Fariñas, ya con un estado de salud delicado por las sucesivas huelgas de hambre que ha emprendido -ésta es la número 23 desde 1995-.

Reclamó a la comunidad internacional "una posición firme" contra el régimen y se mostró en desacuerdo con que, desde la presidencia de turno de España de la Unión Europea, se promueva un cambio en la Posición Común, adoptada en 1996 y que defiende la necesidad de que la UE contribuya a una transición en la isla y mejora de los Derechos Humanos. "Con los Gobiernos fascistas, totalitarios, no se negocia. Eso lo ha enseñado la historia", asegura.


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Ouvir os Protestos nas ruas de Banes durante a Caminhada para o enterro de Orlando Zapata Tamayo. O testemunho de Reina Tamayo, mãe de Orlando Zapata


Crime racial em Cuba: até quando?


Crime racial
Enrique Patterson

Publicado em 26 de fevereiro de 2010, em El Nuevo Herald

A morte do prisioneiro de consciência Orlando Zapata Tamayo, após uma dramática greve de fome de 81 dias, é um crime premeditado do regime castrista. A vítima não pedia mais do que condições de prisão de acordo com protocolos internacionais assinados pelo governo de Havana. Nenhuma das exigências deste mártir dos direitos civis e da liberdade de expressão era impossível de satisfazer e o governo cubano perderia nada, mas, ao contrário ganharia, caso concedesse.

Aqueles que conscientemente deixaram morrer este cubano, são os mesmos que - sob a ditadura contra a qual lutaram outrora – reclamaram e desfrutaram de condições de prisão mais que aceitáveis, apesar do caráter violento de suas ações. Ora, são os mesmos que, no comando da ditadura atual, deixam morrer um lutador pacífico que reivindicava condições de prisão que, sem comparação se aproximam daquelas das quais esses algozes atuais desfrutaram naquele momento. Para agir de modo tão cruel precisa-se de uma grande decadência moral, além de grandes reservas de maldade e covardia. Mas o outro lado da questão é a razão pela qual se colocou tamanho ódio contra a vítima.

O RECADO ENVIADO

A partir dos distúrbios populares, acontecidos em 1994, chamados de “Maleconazo” quando se deu o primeiro protesto popular massivo contra o regime, no qual a maioria dos participantes eram negros e mestiços, a repressão adotou um caráter particular com relação aos negros. O próprio Fidel Castro admitiu esse tratamento diferenciado, em 2003, quando justificou o fuzilamento sumário de dois cubanos negros que haviam tentado roubar um barco para fugir do país. A execução não se enquadrava nas exigências puramente jurídicas previstas para essa infração, mas sim pela necessidade de impor um castigo exemplar. Foi essa a psicologia que moveu a elite governante, em 1912, e sua soldadesca, quando decidiram cometer um grande genocídio contra a população negra, após a insurreição protagonizada pelo “Partido Independente das Pessoas de Cor”. E, agora, pelas mesmas razões de outrora, o regime deixa morrer um cubano do mesmo grupo étnico-social. Se trata, sim, de um recado enviado a toda dissidência cubana, em geral, mas, em particular, aos negros, cujo ativismo social e político tornando-se cada dia mais intenso.

O PEDIDO DA EUROPA E A SÚPLICA DE ABDIAS NASCIMENTO

É verdade que o regime cubano é implacável em seu tratamento aos prisioneiros políticos, mas também é verdade que, às vezes, ele escuta. Mas ele escuta só de acordo com o que lhe convém, de acordo com aquele de quem vem o pedido e de acordo com a quem favorecerá a súplica. Assim, o regime ouviu aquelas personalidades políticas européias e libertou – com reservas – a alguém como o poeta Raúl Rivero, que havia sido preso na mesma data e junto com o compatriota agora falecido (Zapata). Mas, ao contrário, o regime se fez de surdo quando personalidades como Abdias Nascimento e intelectuais afro-americanos e caribenhos de renome pediram a libertação do Dr. Darsi Ferrer. Também o regime se faz de desentendido quando o clamor vem das camadas populares ou de outros setores do exterior, como no caso das vozes que reclamavam em favor de Orlando Zapata e do Dr. Oscar Elias Bisset, para citar outro exemplo.

A vida de uma pessoa negra sempre teve um peso relativo, para as autoridades cubanas – seja qual for o poder instituído. Estão dispostos a deixar morrer uma pessoa negra, mesmo tendo de enfrentar um escândalo. Foi esse o fim que tinham preparado para o Dr. Ferrer, e que agora preparam para Guillermo Fariñas. Na verdade, estão poupando aquelas balas que talvez um dia terão de disparar em condições menos sofisticadas contra as massas descontentes. É por esse motivo, que chegou a hora de os negros conferirem maior valor às suas vidas nesta luta. Não convém referendar a velha premissa do poder colonial que via as “peças de ébano” como coisa barata, considerando como irrisória a vida dos negros.

SEM DÚVIDA: UM CRIME RACIAL

Convém apontar para o fato de que a Cuba que existe no exílio deverá também revisar certas atitudes sobre este mesmo assunto. A propaganda desses exilados fica atenta quando um militante negro se sacrifica pelos direitos de todos, mas ela se torna indiferente ou mesmo reticente quando se apontam as injustiças raciais específicas que foram cometidas antes da revolução e que seguem sendo cometidas hoje contra os negros. Ora, não é assim quando se tratam das reclamações dos outros grupos, como mulheres ou camponeses. É que a questão dos direitos dos negros, como grupo discriminado, também é considerada (na Cuba do exterior) como algo dispensável, tanto quanto a vida dos negros como indivíduos.

Orlando Zapata Tamayo passa a ser um número que é adicionado à longa lista de crimes do regime atual, mas com a agravante de que este, como no caso das execuções de 2003, é um crime racial. Um mártir a mais, um eleitor a menos, um parlamentar a menos, um empresário ou um líder sindical a menos. Se trata disso. Abdias Nascimento pediu ao Dr. Darsi Ferrer para suspender sua greve de fome, e felizmente foi ouvido. Esperemos que as razões de Orlando Zapata pesem amanhã mais do que as de nossos avós. Estes foram traídos pela mesma República que ajudaram a criar. Tendo sido a coluna vertebral das guerras de independência, foram traídos. Assim, suas almas não puderam descansar em paz. Façamos com que, amanhã, este mártir de hoje descanse em paz, na hora em que todos puderem ser tratados com equidade. No momento, para as reivindicações que são recebidas com baionetas, a greve de fome é um último recurso, à infame tortura da sede.

Enrique Patterson – Filósofo, Representante Especial. no exterior do Partido Arco Progressista (PARP).